Bulimia é um distúrbio psiquiátrico, pertencente ao grupo dos transtornos alimentares (mesmo grupo da anorexia), que se caracteriza pela ingestão recorrente e incontrolável de grandes quantidades de alimentos, geralmente com alto teor calórico, seguidos de reações inadequadas para evitar o ganho de peso, tais como indução de vômitos, uso de laxativos e diuréticos, jejum prolongado e prática exaustiva de atividade física. Depois de um certo tempo de doença, os vômitos passam a ser uma reação espontânea à alta ingestão calórica, ou seja, não precisam de indução para acontecerem.
Nos portadores de bulimia, não é a magreza que chama a atenção. Em geral, são mulheres jovens de corpo escultural, que cuidam dele de forma obsessiva. Seguem dietas rigorosas. De repente, perdem o controle e ingerem uma quantidade absurda de alimentos, na maior parte das vezes, às escondidas. Depois, são tomadas por sentimentos de remorso ou culpa. Os recursos de que se valem para não engordar provocam complicações no organismo. Por exemplo: destruição do esmalte dos dentes, inflamação na garganta, sangramentos, problemas gastrintestinais, arritmias cardíacas, desidratação, etc.
A principal diferença entre anoréxicos e bulímicos é o gravíssimo estado de desnutrição a que chegam os pacientes com anorexia; esse estado é incomum nos pacientes bulímicos.
Causas
Diversos fatores favorecem o aparecimento da doença: 1) predisposição genética, 2) conceito atual de moda que determina a magreza absoluta como padrão de beleza e elegância, 3) pressão da família e do grupo social e 5) alterações neuroquímicas cerebrais, especialmente na concentração de serotonina e noradrenalina.
Sintomas
* ingestão exagerada de alimentos em curtos períodos de tempo sem o aumento correspondente do peso corporal;
* vômitos autoinduzidos colocando-se o dedo na garganta;
* uso indiscriminado de laxantes e diuréticos;
* dietas severas intermediadas por repentinas perdas de controle que levam à ingestão compulsiva de alimentos;
* distúrbios depressivos, de ansiedade, comportamento obsessivo-compulsivo, automutilação;
* grande flutuação do peso corporal;
* distorção da autoimagem e baixa autoestima.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença nem sempre é fácil devido à negação dos sintomas por parte do paciente. Por isso, o levantamento da história, hábitos alimentares e a preocupação constante com o peso são dados que precisam ser cuidadosamente observados. De acordo com os manuais de diagnóstico em psiquiatria, são necessários dois episódios por semana de ingestão descontrolada de alimentos, acompanhada de vômitos, durante três meses no mínimo para se classificar um paciente como portador de bulimia nervosa.
Tratamento
O tratamento da bulimia nervosa exige acompanhamento de equipe multidisciplinar composta por clínicos, psicólogos, psiquiatras e nutricionistas. Medicamentos antidepressivos podem ser úteis, especialmente se ocorrerem distúrbios como depressão e ansiedade. Da mesma forma, a psicoterapia cognitivo-comportamental tem mostrado bons resultados a longo prazo, especialmente quando associada ao uso de antidepressivos e estabilizadores do humor.
Infelizmente, não se conhecem métodos eficazes para prevenir patologias como a bulimia e a anorexia. Certamente, o empenho da sociedade para mudar certos valores estéticos ligados ao culto do corpo e à magreza traria benefícios importantes para a saúde.
Se uma pessoa de suas relações é portadora de bulimia, lembre-se de que críticas não ajudam a resolver o problema; aliás, só servem para comprometer mais ainda a autoestima do paciente. Muitas vezes, a família inteira pode precisar de acompanhamento terapêutico.