Antigamente, um pouco de gordura no corpo era sinal de saúde. Aí veio a medicina dizendo que não há vantagem nenhuma em acumular tecido adiposo; ao contrário, que todos devemos ser magros. Ao lado dessa recomendação médica, a pressão social do padrão de beleza que se baseia em modelos bonitas e absolutamente magras tiranizou a vida de muita gente. Hoje, a quantidade de pessoas que luta para perder peso, faz dietas e toma remédios é enorme. Essa preocupação exagerada pode provocar um distúrbio psiquiátrico grave, cada vez mais frequente, que é a distorção da autoimagem. A pessoa se olha no espelho e vê uma figura que não corresponde à realidade (falsa imagem). Não nota o emagrecimento intenso e os ossos proeminentes.
Anorexia nervosa é um distúrbio alimentar/psiquiátrico resultado da preocupação exagerada com o peso corporal. A pessoa se olha no espelho e, embora extremamente magra, se enxerga gorda. Com medo de engordar ainda mais, exagera na atividade física, pára de comer, toma laxantes e diuréticos. É frequente a associação dessa patologia à depressão, síndrome do pânico, comportamentos obsessivo-compulsivos, cleptomania, automutilação, promiscuidade sexual, alcoolismo e abuso de drogas.
A anorexia se manifesta principalmente em mulheres jovens, embora sua incidência esteja aumentando também em homens. Às vezes, os portadores do transtorno chegam rapidamente à caquexia, um grau extremo da desnutrição. Quando a pessoa anoréxica se alimenta, é só com água e café sem açúcar. Basicamente ingere 200 Kcal por dia o que representa um gomo de laranja, uma bolacha cream-craker, uma fatia de ricota e grandes quantidades de chá laxante.
O índice de mortalidade por anorexia nervosa atinge entre 15% e 20% dos casos. Eles estão associados a complicações clínicas ou a suicídios, pois a depressão é um distúrbio grave que pode manifestar-se no transcorrer dessa doença.
Sintomas
São sintomas característicos da anorexia:
* perda exagerada e rápida de peso sem nenhuma justificativa (nos casos mais graves, o índice de massa corpórea chega a ser inferior a 17);
* recusa em participar das refeições familiares (anoréxicos alegam que já comeram e que não estão mais com fome);
* preocupação exagerada com o valor calórico dos alimentos (os pacientes chegam a ingerir apenas 200 kcal por dia);
* interrupção do ciclo menstrual (amenorreia) e regressão das características femininas;
* atividade física intensa e exagerada;
* depressão, síndrome do pânico, comportamentos obsessivo-compulsivos;
* visão distorcida do próprio corpo (apesar de extremamente magras, essas pessoas julgam estar com excesso de peso);
* pele muito seca e coberta por lanugo (pelos parecidos com a barba de milho).
* a osteoporose pode ser considerada a manifestação mais grave da doença. Fraturas podem ocorrer espontaneamente.
* alterações intestinais e cardíacas são frequentes, porque muitas anoréxicas não só deixam de comer adequadamente como passam a usar laxantes e diuréticos. Como se sabe, o diurético provoca queda de potássio, elemento fundamental para o bom funcionamento do coração. Sua ausência pode causar morte por arritmia ou parada cardíaca. Associado aos laxantes, o diurético aumenta a perda de água do organismo, o que pode causar desidratação e insuficiência renal.
Causas
Diversos fatores favorecem o aparecimento da doença: 1) predisposição genética, 2) conceito atual de moda que determina a magreza absoluta como padrão de beleza e elegância, 3) pressão da família e do grupo social e 5) alterações neuroquímicas cerebrais, especialmente na concentração de serotonina e noradrenalina.
Grupos de risco
Algumas profissões são consideradas de risco para a anorexia. Bailarinas, jóqueis, atletas olímpicos estão sujeitos a sofrer pressão para reduzir o peso corporal como forma de conseguir melhor performance nas competições e espetáculos;
Outro grupo de risco é constituído pelas adolescentes. Na verdade, a faixa etária está baixando nos casos de anorexia. A família precisa observar especialmente as meninas que disfarçam o emagrecimento usando roupas largas e soltas no corpo e sempre encontram uma desculpa para não participar das refeições em casa.
Tratamento
O tratamento dessa doença é muito difícil e o índice de recaídas é alto. Uma vez diagnosticado um quadro de anorexia, a reintrodução dos alimentos deve ser gradativa, a fim de evitar maior sobrecarga cardíaca. Há casos em que se torna imprescindível a internação hospitalar para que a oferta gradual de calorias seja controlada por nutricionistas.
Não há medicação específica para a anorexia nervosa. Medicamentos antidepressivos podem ajudar a aliviar os sintomas depressivos, compulsivos e de ansiedade. Em geral, o tratamento desses pacientes exige o trabalho de equipe multidisciplinar.
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